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"A preservação de uma floresta tropical depende de uma série de fatores, como a presença de toda uma bacia hidrográfica. E se os rios forem poluídos e as matas desmatadas, o que restará dessas florestas ?" – Professor Arnaldo Azevedo. O rio Tocantins é um curso de água que passa por 4 estados do país. Durante o período das cheias, a sua extensão navegável – entre a sua nascente até a sua foz no golfo Marajoara, no Pará – é de aproximadamente 2000km, e por isso, torna-se o segundo maior rio totalmente brasileiro. Rio aparentemente de águas perenes, em 2017 enfrentou a maior seca dentre os últimos 50 anos. Diante disso, o geógrafo Berg Santiago descreve em seu discurso que um dos fatores que mais contribuíram para esse cenário são as crescentes degradações que vêm acontecendo ao longo do rio, especificamente na mata ciliar, o que impacta diretamente a Floresta Amazônica ou Floresta Ombrófila, e a Savana, denominados, respectivamente, de Bioma Amazônia e Bioma Cerrado. Continuamente, o rio Tocantins vem sofrendo com a ação de moradores que vivem em seus leitos, seja pelo fato de muitos não terem acesso a um suporte adequado para o descarte de "lixo", situação que permite o depósito desses elementos no próprio rio ou em áreas de vegetação, o que contribui para que enormes problemas ambientais se intensifiquem, com é o caso das secas e da perda da biodiversidade de vegetações que dependem do rio para a sobrevivência, como a Amazônica, por exemplo. Escolhemos trabalhar com essa questão, porque, antes da pandemia da Covid-19, a nossa equipe visitou pontos turísticos da cidade, entre eles o Rio Tocantins, que perpassa uma série de tipos de vegetações por todo o Brasil. Ao visitar o seus leitos, percebemos que boa parte da biodiversidade presente estava sendo comprometida por conta de resíduos sólidos, depositados, principalmente, por moradores. Essa situação nos incomodou bastante. Em segundo plano, a falta de políticas que objetivam gerar sustentabilidade no quesito ambiental limita a preservação de rios e florestas, e muitas vezes, diversos problemas como a poluição das “águas” comprometem o bem-estar da população, a qual precisa urgentemente reverter esse tipo de situação. De acordo com a pesquisa divulgada pelo Jornal Nacional, em 2019, a cada ano, a quantidade de lixo lançada pelas pessoas nos rios do Brasil daria para encher 30 vezes o estádio do Maracanã até o topo. Dessa forma, a equipe vem lutando para que problemas relacionados ao descarte incorreto de lixo sejam extinguidos, a princípio, na cidade de Imperatriz, no Maranhão.

Convergindo todos os problemas em uma solução de diversas facetas, a criação de uma plataforma digital eficaz e multifuncional, com o fito de fomentar e de dar suporte aos moradores – para a reciclagem, compostagem e manuseio correto do “lixo”– de áreas próximas ao rio Tocantins, torna-se viável. Assim, os moradores podem ter o apoio dos integrantes do projeto e de empresas privadas– que podem se beneficiar com o avanço da região tanto nos meios naturais como comerciais -, possibilitando uma mudança na realidade presente, com o intuito de despertar o desejo no ser humano de cooperar e se integrar no ambiente em que vivem de forma harmônica. A plataforma digital é então um meio de comunicação entre os componentes do grupo, moradores e empresas, e de forma on-line os moradores podem, caso necessitem, solicitar atendimento presencial. Além do site, contaremos com um aplicativo para facilitar o acesso de todos. Na plataforma, contamos com materiais de estudo sobre a compostagem e reciclagem, bem como os dados hídricos e florestais, além do contato com especialistas no assunto que buscam sanar as dúvidas de quem precise. As interfaces dela são de fácil manuseio para que todos tenham acesso de forma igualitária. É importante destacar que o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) também está trabalhando em prol dessas causas, com o apoio de empresas privadas, para recolher os resíduos advindos da reciclagem, dos moradores, onde esses resíduos são reutilizados – planejamos que, no mínimo, a coleta seja feita uma vez por semana, e ao ponto que o projeto for sendo desenvolvido, os moradores também participarão dos lucros, o que pode diminuir consideravelmente a fome na região.

O projeto foi dividido em três fases: a de elaboração do pré-projeto e organização das ideias; a de criação da plataforma digital; e a de mobilização social para que os Ribeirinhos possam ter acesso à plataforma digital. Atualmente, estamos na fase de mobilização social e esperamos brevemente expandir todas essas ações para outras áreas do Rio Tocantins, inclusive também, para outras bacias hidrográficas da região Amazônica. Uma parcela de moradores já está sendo atendida: cerca de 350 pessoas. Buscamos aumentar esses percentuais.

Com a plataforma criada, estamos diminuindo a poluição ambiental, tratando os moradores dos leitos do rio de forma equitativa, promovendo um suporte para todos em reciclagem, compostagem e descarte correto do lixo; estamos também trabalhando com a fiscalização das áreas relacionadas ao Rio Tocantins e vegetação, e dessa forma promovendo o desenvolvimento sustentável; além de ajudar na preservação da biodiversidade da região; de proporcionar geração de renda para a população ribeirinha e desenvolvimento econômico do município; e prevenir contra possíveis desastres ambientais, como é o caso das secas, das queimadas e da contaminação da água por resíduos, bem como de mortes por intoxicação. Estamos, com a disponibilização de materiais de compostagem, incentivando a agricultura familiar e diminuindo a fome, além de que os mantimentos advindos de hortas – além de arar o solo – podem ser vendidos, trazendo renda aos moradores.

350

João da Silva e Pedro Gonçalves, estudantes do 1º ano da Escola Estadual Graça Aranha, do bairro Nova Imperatriz, no Maranhão, são beneficiados com o projeto Preservambiente. Para ambos, ter contato com uma mudança na realidade antes vivida, os ajuda a descobrir muito mais sobre biodiversidade, importância das áreas naturais e sua influência na dinâmica das florestas. Já Raimundo Teixeira da Silva, de 80 anos, diz: "Tive a oportunidade de ver o rio Tocantins ser alvo de um projeto lindo como esse. Antes, algo que me entristecia muito era o fato dele ser constantemente degradado. Está sendo verdadeiramente inspirador ver como simples estudantes têm o poder de fazer a diferença e compactuar com um mundo melhor, onde a integração dos seres humanos ocorrem de forma harmônica no meio ambiente.

Diante do projeto, vimos que um dos maiores desafios para a realização efetiva dele era a falta de conhecimento dos Ribeirinhos sobre os impactos ambientais causados pelo depósito incorreto de lixo. Por isso, trazer uma certa conscientização frente a essa temática, bem como processos de autoconscientização e autocapacitação dos Ribeirinhos – que também podem tomar a iniciativa de buscarem informações motivados pela obrigatoriedade da preservação ambiental – tornou-se uma chave para que o nosso projeto começasse a dar certo. Ao possibilitar aos Ribeirinhos a oportunidade de se tornarem seres conscientes e sensibilizados a essa nova perspectiva frente ao meio ambiente, eles poderão se tornar efetivadores ambientais além dos muros de casas, influenciando novas práticas e olhares, seus círculos de amigos e em sua comunidade. E assim, refletindo sobre nossas escolhas e atitudes individuais e coletivas, eles poderão pensar em novas possibilidades para materializar a conscientização ambiental, entendendo que para mudar o mundo, primeiro é preciso mudar a si mesmo. É importante ressaltar, também, que hoje, no Brasil, a efetivação de projetos ambientais depende de muito comprometimento e seriedade, tanto por parte dos órgãos governamentais e do setor industrial e comercial, quanto da população em geral. Essa lacuna entre lei e prática, exigência e efetivação, tem que diminuir, gradativa e insistentemente. Não é um trabalho fácil, mas deve – e precisa – ser feito. Por fim, apesar de todos esses desafios enfrentados, conseguimos superá-los e hoje estamos dando continuidade à realização do projeto. Juntos somos mais fortes!!!!

MAIS DE 30 DIAS

Cidades e Comunidades Sustentáveis

A realização de um projeto dentro e fora da escola pode se dar de diferentes maneiras e uma de suas etapas fundamentais foi o compartilhamento do que foi construído. O compartilhamento do projeto com a escola que estudamos foi feito por meio da disponibiização de materiais produzidos para ensinar aos alunos sobre compostagem, reciclagem e manuseio correto do lixo, possibilitando o engajamento dos alunos para que eles se reconheçam como multiplicadores do projeto para a comunidade escolar. Fora do Colégio, tecnologias de informação e comunicação desenvolvidas nas últimas décadas impulsionaram uma revolução na forma como os indivíduos adquirem e compartilham conhecimento. Utilizamos de diversos mecanismos, como as mídias televisivas, aplicativos de mensagem, além de lives no Instagram, para esclarecer dúvidas e falar sobre as ações praticadas. Um exemplo de utilização de tecnologias que utilizamos para atingir novos públicos abrange uma ferramenta para mailing, ou seja, banco de dados de contatos com a ferramenta de automatização de E-mail. Nesta ferramenta o grupo mantém uma base de contatos levantados a partir de seu site, onde o usuário cadastra suas informações para fazer o download de materiais, como ebooks e revistas ou, também, pela assinatura direta do usuário à lista de E-mail na página do blog. A partir disso o grupo organiza mensalmente um E-mail sobre as ações do projeto e procedimentos para que quem receba o E-mail seja mais alcançado ainda pelo projeto. Além disso, fomos presencialmente às áreas alcançadas pelo plano de ação, com o intuito de manter uma relação de proximidade com os Ribeirinhos. Por fim, ficamos muito felizes com todos os feedbacks disponibilizados, os quais refletem um trabalho com alegria, descontração e empenho, cumprimentando. Ao compactuar com a agenda 2030 estamos promovendo sustentabilidade e garantindo a qualidade de vida à futuras gerações. É uma honra trabalhar para diminuir a degradação ambiental, a princípio, da região do Rio Tocantins, e para valorizar o município de Imperatriz, no Maranhão e acreditamos que a participação no Rainforest Kids 2021 nos ajudará a desenvolver nossas ideias.

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