Introdução da História

2024

Mais Vida na Escola

EB1 de Santo Amador

Beja

Mentor

António Candeias Martins

Step 1 Sente

Considerando a dimensão da turma/grupo de crianças optou-se por trabalhar num só grupo, através de metodologias participativas que facilitassem o processo de apresentação, discussão, agrupamento e priorização de ideias. Foram identificadas seguintes necessidades, depois de exploradas as ideias mencionadas pelas crianças: criar mecanismos que favorecessem a relação escola-família-comunidade, sobretudo porque os familiares não participam nas atividades escolares e as crianças participam apenas nas comemorações públicas de efemérides; desenvolvimento de competências sociais e pessoais das crianças, sobretudo as relacionadas com a autoestima, gestão de conflitos, tolerância, sobretudo pela referência da necessidade de haver conflitos pessoais entre crianças, diferenças de aprendizagens e cognições, falta de entendimento das condições da diferença e desvalorização pessoal; evidenciação e valorização das competências das crianças, pela referência à necessidade de haver registo diário de atividades, avaliação das atividades, mostras às famílias e comunidade do trabalho realizado, sugestões de fotografias de grupo; trabalhar mecanismos de promoção de novas formas de aprendizagem baseadas na reflexão, procura de soluções pessoais e coletivas e de criação, pela identificação de referências à forma de atribuição de tarefas, modelos de gestão do tempo e atividades, avaliação dos processos, objetivos e resultados e do trabalho temático e livre de criação no cruzamento das várias formas de expressão, sobretudo com as relacionadas com a liberdade de expressão;

A opção foi criar um mecanismo que pudesse contribuir para responder às necessidades identificadas de forma integrada, através da abordagem ao ciclo de projeto ideia – plano - ação, com uma componente de avaliação constante. Assim, todas as soluções e atividades convergem num mesmo sentido, de resposta holística: a melhoria do espaço exterior da escola, que corresponde ao recreio. Num mesmo projeto, podemos convergir várias respostas aos desafios identificados, considerando os fatores de imagética, apropriação, significação e sentido de pertença pessoal e social (sobretudo na estratégia de abertura do espaço à comunidade e às famílias). Assume especial relevância a questão do compromisso para a execução das tarefas e de manutenção do espaço, que é de todos e de cada um.

As problemáticas/necessidades foram identificadas a partir do posicionamento das crianças, da sua perceção do Meio e da forma como cada fator as poderia afetar. Por isso, e considerando que os principais intervenientes são as crianças, podemos considerar que seriam as principais afetadas. Foi com base nas suas preocupações e evidência de vontade e necessidade de mudança que se deu início ao trabalho. Consideramos também que as famílias (nucleares e alargadas) são partes interessadas na identificação dos problemas e os seus contributos foram incorporados na estratégia de intervenção.

Step 2 Imagine

O processo foi extremamente rico na identificação da forma como se poderia concretizar a ideia de ter uma escola mais viva, mas bonita e mais acolhedora. Foram identificadas as áreas de recreio, com novos equipamentos de brincar e para a prática desportiva, a criação de espaços ajardinados com colocação de árvores e flores, espaços para animais de estimação (gatos, tubarões, elefantes, dragões...), criação de espaços de estar para comer o lanche e conversar com os amigos, espaços de sombreamento, arrumar os canteiros e ter uma horta, decorar a escola para “ficar mais alegre”. Esta lista resulta de um agrupamento de ideias prévio, que incluiu não apenas a referência ao que se se gostaria de fazer, mas também ao desenho em papel do que se pretendia para melhor clareza e informação de todos. Foram contactadas as autoridades locais, os vizinhos e a gestão escolar para se perceber qual o potencial de concretização daquilo que tinha sido elencado.

A apresentação das propostas aos diferentes intervenientes, revelou-se determinante no processo de escolha das soluções. Todas as iniciativas que implicassem intervenção física no espaço da escola bem como plantação de árvores, arbustos e horta não poderiam ser concretizadas por questões de estrutura do espaço e invasão do espaço dos vizinhos. O espaço para animais foi considerado inadequado. Foram identificadas as questões de melhores condições de enquadramento paisagístico no espaço da escola e foi nessa base que foi traçado o plano de intervenção, com identificação do que se iria instalar, como, quando e com que ajudas. Partiu-se do princípio da sustentabilidade e circularidade, com utilização de materiais orgânicos, com utilização de tintas ecológicas e outros materiais de reaproveitamento de resíduos.

Step 3FAZ

O processo de implementação passou por quatro fases: 1) exploração do local e medições; 2) desenho de projetos de intervenção; 3) construção de elementos e 4) instalação no local. No processo de exploração do local, as crianças dedicaram-se a conhecer melhor cada canteiro e espaço, as suas medidas e que elementos poderiam ser colocados em cada espaço, adequando os materiais e fazendo o seu dimensionamento para perceberem as quantidades e melhor organização do trabalho a realizar. Na fase de desenho, as crianças fizeram plantas e cortes dos espaços exteriores e desenharam as soluções nos espaços, num processo de planeamento; desenharam também elementos a colocar, como mensagens e motivos alusivos às temáticas que cada uma escolheu. Na fase de construção de elementos, as crianças pediram às famílias alguns materiais como madeiras, pacotes de leite, pincéis, lãs e tecidos para construírem o que tinham estruturado e meteram mãos à obra: num processo e maior e menor motivação (a gestão de expetativas e ansiedade é fundamental neste processo), os resultados começaram a surgir os materiais estavam prontos para uma nova fase. A fase de colocação é sempre uma grande alegria, é a prova que se consegue, com o trabalho coletivo, induzir a mudança e concretizar o que se tinha pensado para ter um melhor espaço na escola, trazendo mais vida na escola.

espaços mais vivos e agradáveis, quer pelo efeito de alavanca para novos processos de transformação. É importante destacar que a concretização dos objetivos, das ideias em ações, constitui um fator de motivação a evidência das transformações operadas nos processos de desenvolvimento das crianças; mas é fundamental o potencial de demonstração da capacidade de mudança, de fazer acontecer por grupos desta natureza. São estes processos que as estruturas deveriam considerar para avaliar o impacto das políticas de educação, das suas ligações aos territórios e comunidades, dos mecanismos de promoção de cidadania ativa e desenvolvimento integrado de competências. Quando uma criança sorri e pede um abraço em jeito de agradecimento, só pode significar que o processo a ajudou a transformar numa pessoa melhor, mais capaz e mais ativa; e isso basta para continuar.

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“Estou muito orgulhosa do que os nossos meninos são capazes de fazer” “Isto foi a minha (nome da filha) que fez? Eu bem sabia que andava a magicar coisas porque estava sempre a dizer que ia fazer coisas giras e diferentes na escola para mostrar aos pais”

A fase de implementação teve duas questões que a dificultaram: 1) o tempo de execução, considerando que se trata de uma intervenção, sobretudo, no âmbito das atividades de enriquecimento curricular e, portanto, com as dificuldades operacionais subjacentes; e 2) a questão da segurança das instalações, uma vez que o espaço tem ligação a um campo de jogos partilhado que nem sempre tem as melhores condutas por parte dos utilizadores. A questão do tempo foi ultrapassada pela priorização das intervenções e alteração dos calendários, sobretudo os das efemérides. A questão da segurança passou pelo alerta às autoridades para a colocação de novas vedações e sensibilização por parte dos utilizadores dos espaços.

mais de 30 dias

Cidades e comunidades sustentáveis

O projeto pressupõe a implementação de instrumentos que promovem e consubstanciam os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, numa lógica de integração com os desafios Mundiais, Europeias e Nacionais, assentes nos Pilares a) das Pessoas, pelo trabalho para a garantia da dignidade e igualdade; b) da Prosperidade, pelo trabalho conjunto para garantir vidas prósperas e plenas, em harmonia com a natureza; c) da Paz, pela promoção de sociedades e comunidades pacíficas, justas e inclusivas; d) das Parcerias, pelo contributo para a implementação dos objetivos da Agenda por meio de parcerias, locais, regionais e globais sólidas; e) do Planeta, pela implementação de ações de proteção dos recursos naturais e o clima do nosso planeta para as gerações futuras. Estamos em crer que a estratégia de implementação contribui para as metas e objetivos dos seguintes ODS, onde se incluem as consideradas prioridades estratégicas em Portugal: 4 - Educação de qualidade, através do contributo para garantir o acesso à educação inclusiva, de qualidade e equitativa, e promover oportunidades de aprendizagem para todos; através do aumento do número de jovens com competências relevantes para a cidadania ativa e atitudes empreendedoras. Pretende-se ainda contribuir para a redução das disparidades de género e de rendimentos no acesso à educação. 5 - Igualdade de género, pelo trabalho de empoderamento das jovens, minimizando as formas de discriminação, violência e outras práticas prejudiciais nas esferas pública e privada. 11 - Cidades e comunidades sustentáveis, através do contributo para a consolidação de competências em crianças e jovens que se consubstanciem em comunidades mais inclusivas, seguras, resilientes e sustentáveis.

Step 4 PARTILHA

O projeto, em todas as suas fases, foi partilhado com as famílias e a comunidade escolar. Em alguns momentos, foi partilhado com a comunidade em geral, como demonstração do potencial de concretização de ideias, de mudança, mas também como ferramenta de motivação de outras pessoas para a ação e potencial de desenvolvimento das suas ideias. Não sendo um projeto que aborde uma temática nova no contexto global, vale-se do seu processo inclusivo, participativo e transformador para ser considerado uma boa prática, inovador e com potencial de inovação pelo processo nos contextos locais e regionais. O projeto e os seus resultados têm sido amplamente promovidos nas redes sociais e na comunicação social local, com muito boa aceitação, sobretudo com foco numa questão essencial: a demonstração da capacidade de ação das crianças de uma comunidade rural e o que isso implica na sua transformação enquanto pessoas.

mais de 100

A sustentabilidade do projeto, que corresponde à estratégia de melhoria contínua e garantia de trabalho para contágio positivo, assenta em dois eixos: interno e externo. No plano interno, que corresponde ao trabalho na escola e na comunidade de Santo Amador, passa pela continuidade do trabalho, manutenção das estruturas e dinamização das mesmas, através de atividades com as famílias e os membros da comunidade, mas também com um maior envolvimento das autoridades locais e movimento associativo. Neste domínio importa garantir mais meios, também privados, para melhorar a intervenção e aumentar o potencial de demonstração. Externamente, o plano de disseminação do projeto assenta sobretudo em: Partilha de informação sobre o processo e resultados nas redes sociais; Partilha de informação sobre o processo, resultados e impactos nos órgãos de comunicação social; Partilha de informação e resultados, impactos e fatores críticos de sucesso em artigo científico numa parceria com a Universidade de Huelva e o Instituto Politécnico de Beja; Proposta de inclusão de atividade na semana da comunidade educativa de Moura sobre o processo e a metodologia o projeto, na articulação com os princípios das atividades de enriquecimento curricular;