Introdução da História

Este projeto surge da vontade de um grupo de alunos como consequência de quererem fazer algo que tivesse impacto na sua comunidade e na escola, pelo que tudo o que foi desenhado ao longo deste ano surge numa lógica de ação desenhada com e para eles. Assim, primeiramente, foram incitados a refletir acerca dos problemas sociais existentes no mundo, para, posteriormente, pensarem naqueles que mais lhes “tocam”. Deste modo, identificaram a corrupção, o racismo, o bullying, as aulas pouco dinâmicas, o isolamento social dos idosos, a pobreza, a poluição, a insegurança e a violência doméstica. Posteriormente, utilizando a saída à comunidade como obtenção de informação identificaram a poluição nas ruas, mais especificamente, no parque infantil próximo da escola. Para além disso, a existência de poucos passeios perto da escola, e o isolamento dos idosos residentes no Lar de Idosos de Celeirós, devido à pandemia da Covid-19. Também a visita à Junta de Freguesia de Celeirós, Aveleda e Vimieiro foi um ponto determinante. Nesta visita, o Presidente da Junta identificou novamente a questão da poluição, nomeadamente ao nível ambiental, bem como do Lar de Idosos e do distanciamento à vida em comunidade.

Após se compilarem os dados obtidos, os alunos selecionaram dois problemas em que gostariam de atuar: ao nível do meio ambiente, e do combate ao isolamento social dos idosos. Dada a recolha de informação que se foi fazendo do contexto ao longo dos meses, tornou-se possível perceber, com facilidade, que o lixo no chão era uma questão a necessitar de ser solucionada rapidamente. Tal proporcionou uma grande revolta nos alunos envolvidos no projeto, e vontade de ação, pelo facto de não existir "planeta B". Discutiu-se, várias vezes, o facto de ser uma solução a remediativa, ao invés de preventiva, dada a possibilidade de os resíduos voltarem novamente. Assim, surgiu-nos a ideia de atuar também numa perspetiva de sensibilização na escola e na comunidade - daí termos criado também o póster dos 7 R's. Simultaneamente, foram envolvidos colegas, amigos, assistentes operacionais, docentes e não docentes nessas limpeza, de forma a que todos ficassem cada vez mais conscientes da problemática. A questão dos idosos foi escolhida também pelo facto de ser partilhada por todos os envolvidos a necessidade de atuar junto deles. Discutiu-se várias vezes as perspetivas trazidas e sentidas pelos próprios avós. Também, com base na análise das informações recolhidas nas visitas e entrevistas, se percebeu ser uma das maiores necessidades. Aliado a isto, a questão dos objetivos do desenvolvimento sustentável, bem como a exploração dos vários públicos-alvo com que gostariam de trabalhar foi tida em conta. Neste processo, os alunos definiram a saúde e bem-estar (ODS 3) e a ação contra a mudança global do clima (ODS 13) como prioritários para o grupo. Como públicos-alvo as opções mais frequentes foram os idosos e as crianças, respetivamente.

Ao nível das pessoas afetadas, identificam-se, no primeiro caso todos os que habitam a freguesia, e, no segundo, os idosos e, consequentemente, as suas famílias. Relativamente às pessoas afetadas pelo problema a nível ambiental, a preocupação dos alunos era maioritamente o lixo localizado no parque infantil nas imediações da escola. Também as professoras da equipa da Eco-Escolas nos deram a conhecer a urgência de trabalhar na horta da escola - quer na sua limpeza, quer no cultivo, plantação e rega. Os cidadãos mencionaram a necessidade de trabalhar no sentido de sensibilizar a comunidade para a necessidade da reciclagem, visto existir muito lixo no chão e poucos ecopontos na freguesia. No que toca ao isolamento social dos idosos, quando se falou com a diretora técnica ao telefone, referiu-se o impacto que o covid teve nos idosos de Celeirós, em particular. Na altura da chamada, em Abril, estariam novamente em isolamento, tal como aconteceu com muita frequência nos últimos dois anos. Tal impossibilitava os idosos, ainda agora, de saírem à comunidade para as habituais visitas, bem como à escola para os projetos de intergeracionalidade e respetiva família.

Listaram-se soluções para responder aos dois problemas em que gostariam de atuar. Assim, ao nível do problema ambiental, as soluções identificadas foram: (a) fazer um post no Instagram do projeto a pedir/auscultar sugestões de ideias; (b) fazer recolha de lixo na freguesia; (c) sensibilizar as pessoas acerca dos problemas imediatos; (d) inventar e implementar um jogo suscetível de apanhar o lixo; (e) colaborar na Horta Comunitária da escola, que estava à procura de alunos voluntários. No que toca ao isolamento social de idosos, as soluções que surgiram foram a realização de atividades com os idosos no exterior do Lar de Idosos e a organização de uma atividade de troca de cartas. Surgiu também a possibilidade de se fazer um teatro e/ou concurso de talentos, bem como escrever uma história cocriada com os idosos.

Efetuou-se a escolha das soluções que os alunos consideraram mais apropriadas e suscetíveis de serem colocadas em prática. De forma a se atuar a nível ambiental, a recolha de lixo na freguesia (nomeadamente no parque infantil perto da escola, onde foram encontradas grandes quantidades de lixo no chão), no recinto da escola, na horta comunitária e no Rio Este foi uma das soluções selecionadas. Também se optou pelo post no Instagram, com o intuito de pedir apoio aos nossos seguidores, possibilitando a possibilidade de opinar acerca de soluções, bem como sensibilizar as pessoas acerca da problemática. Por fim, escolheu-se também a colaboração na Horta Comunitária da escola. Para o combate ao isolamento social dos idosos, optou-se pela organização da troca de cartas com os idosos do Lar de Celeirós, bem como a escrita de uma história cocriada com os idosos, que culminou com a gravação da história, utilizando o teatro como forma de expressão dramática.